Total de visualizações de página

terça-feira, 22 de junho de 2010

Mercadores de sangue?

Em reportagem veiculada pela revista Superinteressante (superinteressante, Ed. Nº 279 – ISSN 0104-1789, ano 24, nº 6, Ed. Abril S.A., São Paulo, 2010), podemos ler o seguinte título de matéria: “Mercadores de sangue”. O que viria a ser isso: a terceira parte, 3D, ai - pode, eu – pode, tu - podes do Lua Nova? Vila Nova? Vila Véia? Crepúsculo, da meia-noite, meia-sola, meio a meio? Não. Pois o subtítulo esclarece a questão: “Mexicanos descobrem um novo motivo para cruzar a fronteira dos EUA – vender o próprio sangue”. Nossos amigos “hemos” que agora, por favor, chorem com convicção.
Tenho lutado profundamente contra o que posso definir como “vontade de parar de me indignar”, entretanto como sou um cara muito teimoso...
É notório, conhecidíssimo, que a terra da liberdade, da oportunidade, da democracia, os campeões do tripulipulotetraticotransceticofodones, não são lá muito chegados a gente como a gente. Sei lá, talvez recalque. Inveja. Gula. Avareza. Constipação. Vaidade. Ira. Titãs. Mutantes. Luxuria. Ou pelo menos desconfiança, “Wái”. Por isso, depois que os latinos, que os “gringo” confunde com latidos, construíram boa parte da falácia da nova águia careca, tentam impedir a entrada de imigrantes mexicanos (só “chicanos e chicanas”?) no país.
Mas a “terra das oportunidades”, do “fim da história”, e das “novas doenças” nunca para de nos surpreender. Não bastasse Hiroshima, Nagazaki, Kosovo, Irã - Contra, Guantánamo, “policia global”, Disneylândia... As guerras por petróleo, digo democracia. Agora a novidade, a moda, é comprar sangue.
Tudo normal, como bem diz a reportagem: os latinos são proibidos de entrar nos USA, “a não ser quando trazem uma mercadoria valiosa. Uma rede de centros médicos espalhados na fronteira entre os dois países, nos estados do Texas, do Arizona a da Califórnia, tem recebido imigrantes vindos do México para vender o próprio sangue – e receber US$ 30 por isso”. Dizem que a fila não é menor do que 50 por dia. O esquema é mais ou menos assim: eu facilito tua entrada como turista, tu me vende teu sangue, e depois eu te esculacho daqui.

Vou dar destaque, fique atento:

“Os centros médicos, referidos, pertencem a empresas como BIOLIFE e TALECRIS BIOTHERAPEUTICALS, coletoras de plasma, que é usado para fabricar remédios que tratam doenças no fígado (olha o fim da cirrose) e no sistema imunológico. Custam mais ou menos US$ 40 mil dólares, por mês, no tratamento.
Não que haja incoerência nisto tudo. É a lei do mercado, da oferta e da procura, base desse capitalismo tardio que, crise após crise, reluta em morrer. Possui uma lógica pura, cruel e simples: tudo é comercializável, tudo é mercadoria – sangue, pessoas, órgãos, mentes, dignidade, honra, justiça etc.
Em nome da democracia do consumo, onde a maioria não pode consumir o básico, vale tudo.
Temos presenciado essa lógica mesquinha em nosso próprio município. Em nome de uma meia dúzia de gatos ricaços pingados (pingado é leite com café, não sei se essa gente bebe isso, mas tudo bem) o poder público cobra o sacrifício publico para implementar um sistema de transporte coletivo integrado que não integra nada. Em nome de meia dúzia de gatos siamês-persas pingados, o poder público eleva absurdamente o valor do IPTU e da taxa de lixo. Em nome de meia dúzia de gatos e gatas, refeitas cirurgicamente, o poder publico nos serve uma água contaminada, sem a menor preocupação com o bem estar coletivo – preocupação maior de qualquer governante sério, pra não falar no estatuto dos servidores públicos, do material escolar, da manutenção de praças e espaços de lazer e cultura. E principalmente da relutância de dialogar com a sociedade civil organizada.
Esta é a triste lógica meus camaradas: como diria Zé Geraldo “os compromissos assumidos quase sempre ganham subdimensão”.
Mas também como diz o grande compositor e cantor: “o importante é você crer na grande força que existe dentro de você”.
Chega de apatia minha gente. Ou assumimos nosso papel histórico de mudar essa situação, ou entraremos para a história como cúmplices da maior demonstração de irresponsabilidade e descaso com o povo, por parte do poder público, que esta cidade já viu.
Meus camaradas, como diz a musica: “o Haiti é aqui”, o México é aqui... em Poços de Caldas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário